Sofia procura mapas para labirintos sem saída

O oráculo avisou-me, profeticamente: “Seu destino mudou completamente hoje”. Ou seja, já não tenho mais opções. Mudou. Justo eu, a pessoa mais cética do mundo. Não tenho crenças. Posso acreditar, só hoje? Realmente, os dados estão lançados. Pacientemente, observo aquele par somar um número. Fato dado. Regras do jogo. Essas eu não mudo. O que eu vou fazer com o resultado é que cabe a mim decidir.
Posso crer que minha nova maneira de olhar para as pessoas muda o jeito que eu me relaciono comigo mesma? Estava bem cansada. Esperando uma carona de uma amiga que nunca chegou. Mais de uma hora no ponto trocando conversas agradáveis com outra amiga. A chateação da espera é compensada pelo prazer da troca de confidências, experiências, risadas e reclamações. Momentos como esse fazem o dia valer a pena.
De novo, achei que tinha embarcado no ônibus errado. Quando menos percebi, estava apenas vindo da direção oposta que tenho o costume de fazer. Na vida, às vezes, acontece dessa forma, você está indo para a direção certa, apenas está olhando para o lado contrário. São tantos caminhos, cruzamentos, pontes, pedágios, buracos, passarelas, encruzilhadas; e muitas, muitas placas de PARE. Em momentos de pane, pode acontecer algo como uma espécie de curto circuito geral. Em alguns momentos, você entra numa confusão, e parece que aquele lugar não tem sentido mesmo. Não tem segredo. Nem sentido. Nessas horas é bom respirar fundo. Algumas placas mostram que é possível seguir a diante, só não espere garantia.
Desci, sentindo-me feliz. O pôr-do-sol estava lindo. Uma bola de fogo gigante, laranja, que ia descendo e desaparecendo em meio aos prédios. Caminhava devagar, escutando Sean Lennon, em paz, on again, and off again.
Acreditei. Hoje nos olhamos nos olhos. Eu, pelo menos, te vi. Não sei se foi de verdade. Prometo não criar expectativas, por mais que elas brotem no mais das vezes, por geração espontânea. Olhei-te pela janelinha de vidro redonda. Descoberta, com vergonha fiquei. Vermelha da cor de uma maçã. Corri timidamente. Quase adolescente. Senti borboletas no estômago. Agora cá estou, imaginando o nosso “se”. Não se preocupe, idealização nenhuma. Só hoje me permiti sonhar um pouco...

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