Sofia caminha sobre as nuvens, com os pés no chão

Caminhavam sobre as nuvens. Cada um bem na sua. Não pensavam no entrecruzamento. Nem no sentido mais primitivo que essa palavra possa exprimir. Tinham preguiça. Foi duro demais acumular esse amontoado de incertezas que nomeiam vida. Não existia alguém como ela, para ele. Ou ele, para ela. Entendiam demasiado do mundo, com sua pouca idade. Ela pensava, de que adianta falar, se ninguém realmente entende. Ele entendia, com seu jeito de perceber o mundo, a certeza de sua incompreensão.
Vinte e poucos. Aproveite a vida enquanto ainda há tempo. Não sofra tanto. Não há motivo. Sim senhor. Lamento informar. Os infortúnios que passam por dentro são meus. Não existe explicação. Quanto mais tento sanar as dúvidas pior fica. Se tentar botar em prática toda a teoria que leu, vai acabar ficando louca menina, foi conselho que ouvi. Por algumas razões como esta, resolvi viver. Acreditei no que era meu. No que dói e no que satisfaz. Os dois existem. São reais. Fatos da vida. Simples, corriqueiros. Fazem-se perceber no momento inexplicável de acordar na casa de alguém e querer vir correndo para sua. Não porque a pessoa não seja legal. Mas porque você é bem mais. Sentir o prazer de fazer o caminho da sua casa. De tomar o café na padaria da esquina. De sentir o cheiro do seu lençol. A pergunta Can I lay in your bad all day? perde o sentido. De repente ela transforma-se em Can I lay in MY bad all day?. Ou melhor, você está sentindo-se tão bem, que nem vontade de ficar na cama tem. Quer aproveitar o dia. Fazer as suas coisas. Pouco importa se te compreendem ou não. O importante é que você entende o que está fazendo mesmo não tendo certeza de absolutamente nada.

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