Para curar a tristeza

Eu quero voar pra longe daqui
E perto chegar
Alcançar o que já alcancei
Dançar uma dança estranha
Somente porque me sinto bem
Quero chorar lendo o livro que me faz feliz
Rir do filme que só eu acho engraçado
E se alguém me quiser fazer companhia
Bem vindo seja
Muita questão não faço
Gosto daqui
Vôo pra longe porque sei que posso voltar
Estou sempre em movimento
Rodopiando e transmutando aquilo ao meu redor
Realizando intensidades dosadas
Alguns são convidados a participar da festa
Quanto “aqueles” me soam estranhos
Uns engraçados, outros mais sérios
Alguns te conduzem na ocasião
Outros gostam da tua opinião
São tão inseguros quanto eu
Só não queriam também ser
Temos os mesmos medos
Às vezes, os mesmos gostos
Isso me conforta
É uma troca
Um pacto
No fim somos iguais
Nossa liberdade se mostra na nossa mais cruel estranheza
Eu me divirto
Volto a buscar a graça que cria perdida
Em meio a tanta angústia
Dissipada
Alastra-se ao longe
Já não a vejo
Não enche o pulmão de água
Não impede de respirar
Risadas soam verdadeiras
Necessidade alguma de fingir
Acredito nas ordens do médico:
Tomar sorvete cura tristeza!