Encontros casuais no trânsito paulistano ou que falta me faz um nariz de palhaço

Se estou distante não é por mal...
Andei tão intolerante com a falta de delicadeza que acabei perdendo a minha
Por sorte ou acaso pude ontem encontrar
Justamente no trânsito
Caminhando pela rua eu vinha
Eu, bem eu
Na minha, a pé
Posso soar esquisita pra você
Não ser o seu padrão
Usar roupas estranhas
Ter um cabelo curto demais, ou comprido demais
Ser magra demais, ou gorda demais
Usar uma flor no cabelo
Quem sabe a minha saia de cerejas não combine com a minha blusa verde
Que estampa uma vaca fazendo cocô com os dizeres:
I don't give a shit
Seu espanto com a minha estranhice não deve ser maior que o seu próprio ao se olhar no espelho
Menina bonita, você decididamente riu da minha cara
Protegida em sua cápsula prateada
Na minha cara
Eu poderia estar usando um nariz de palhaço
Prefiro pensar que no seu mundo limitado eu uso
Deve ser dessa forma intolerante que você enxerga as pessoas
Pude parar, olhar pra você e sorrir
Sem mágoa
Acenei, fazendo questão que você percebesse que eu estava te vendo
Querida, fui correspondida, pelo menos por sua amiga
Que entusiasticamente me saludava
Você, pega no flagra, escondida em seus óculos escuros
Apenas baixou a cabeça, envergonhada
Enquanto fechava o vidro com película do seu carro
Parabéns! Espero que tenha valido um final de tarde de gostosas risadas!

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