Sofia e o dia em que descobriu que o mundo é maior que seus braços

Agora quero dormir
Me deixem em paz
Tenho olheiras profundas
Não quero que me telefonem
Quero calmantes tão pesados
Quanto a carga que sinto nas pernas
Mas já não as sinto
Foi grande o esforço
E muito choro
Porque creio que não cheguei a lugar algum
Não sei se me validaram
A dúvida me corrói
E nada posso fazer
Para mim, esse resume o pior sentimento
Que pode ser Sentido
Quero deitar, sonolenta
Na cama pensar no nada
A cabeça lateja
Pelos olhos caem gotas
O quarto transforma-se em milhares de lugares
De tanto que viajei sem sair daqui
De tanto que tive que concentrar-me em um único assunto
Não fugir do tema, fazer um resumo, metodológico,
Descobri o meu tema
Tenho meu norte
Sou forte
Acredito
Não sei se tanto me importa o fim
Foi como falou-me o querido amigo
Detentor da sabedoria oriental
Não se faz pelo objetivo final
No caminho fui quase destruída
Por mim, pelas intempéries
Pelas barbáries
Por tudo que deixei e por tudo que não pude aguentar
Foi tão forte que nalgumas vezes meu corpo fraquejou
Mole, caiu no chão
Ainda me olho no espelho e vejo refletida um cadáver
Um esqueleto que usa saias
Tem uma mancha preta debaixo dos olhos rasos d'água
Está sempre carregando livros grandes
Que os braços finos mal aguentam transportar
Mas ela aprende
Veio aqui para entender
Coisas que jamais imaginou
Está ententendo tamanha proporção
Sua, do tempo, do mundo
Aprendendo que um dia
Só se vive após o outro
Mesmo ainda tendo, todo dia
Vontade de abraçar o mundo inteiro

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