Se eu não te ligar, não é porque não te amo, it’s because I do

Lia Weber, Giddens e Kafka. Não apenas lia, entendia e gostava. Queria conversar, explicar, compartilhar. Construir algo deles que não existia porque era dela. Como assim, não existia? Apaixonados, gritavam para o mundo. Amavam-se loucamente, quatro vezes, às quatro da manhã. Dançavam Strokes juntos, freneticamente, até o sol dar bom-dia. Não se importavam com nada, além daquilo que sentiam. Bastavam-se. Eram felizes. Cada fração de segundo, o fôlego que faltava quando tentavam respirar. Embriagados um do outro. Foram os mais felizes e intensos meses de falta de ar. Desejavam. Incendiados, ignoravam o mundo, cinema mudo. Aconteceu quando se viram. Nada que a lógica racional possa explicar.
Ela sabia o que estava fazendo, deixou-se levar. Encantador, não havia porque declinar. O coração encontra suas próprias razões. Elétricos, metiam os pés pelas mãos, brigavam por tudo, sofriam demasiado na tentativa de encaixar o oceano em uma gota d’água. Olhavam-se, tudo estava bem. Eu vi sparks contigo. Era mágico. Brilhante. Refletíamos nossa alegria quando misturávamos sorrisos. Investíamos num futuro incerto, torcendo por um seguro. Trocávamos a certeza da plenitude, promessas, intenções, sonhos.
Vem pro meu mundo, convidou ela. Não quero, educadamente ele negou, as bonecas do meu mundo são mais divertidas. Falam a minha língua.
Ela ouvia Interpol: “Can't you see what you've done to my heart and soul”.
Vem, eu te seguro, prometo. Daqui, a vista é mais bonita. O meu mundo é mais colorido. Seremos muito felizes. Não! Ele disse. Quero continuar aqui onde estou. É mais seguro, confortável. Não posso te dar o que queres.
Nem ela sabia o que, afinal, queria. Estava apenas sendo egoísta, não suportava perdê-lo. Sabia que se cruzasse a soleira daquela porta, provavelmente seria a última vez. Estaria consigo. Encarou, caminhavam em direções opostas. Universos antagônicos. Um teria que subir, ou descer. Passariam a vida num vai-e-vem maluco. Ultrapassava as barreiras da sanidade. Entendeu que o amor talvez fosse aquilo. Não o que ela sentia por ele, mas o que ele sentia por ela. Ela o queria prender numa caixa. Mesmo sabendo não ser possível. Escutavam White Stripes, “You’ve got him in your pocket and there’s no way out now, put it in the safe and lock it ‘cause it’s home sweet home...”. Ele a deixou livre. Beijando-lhe a testa, disse que a amaria pra sempre, mesmo já tendo um outro bem. Ela anda bem, também, e o perdoa cada vez que o toca-discos repete uma canção chamada Likely Lads.

Comentários

luiza pannunzio disse…
Dona Má!
O que eu posso te dizer é que você sabe tudo...
E que eu tenho um orgulho imenso de participar da sua vida!
E aprender com você!
Adorei te ver amando...
Ao menos as palavras!

beijo
lp
Luna disse…
ás vezes acabamos dando adeus
a alguém q amamos muito
mas nem sempre as coisas
são como queremos não é?

mas penso q se deva dizer "adeus" e sim apenas
"até logo!"

=]

bju

gostei daqui

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