Prazer eu sou você amanha ou Aqui jaz tudo que nego em mim e ponho em você

Leio algo que me identifico. Logo, se trata de mim. Quero acreditar que sou importante, pois se alguém dispende horas, ou minutos... escrevendo sobre mim, se importa comigo. Ah! Muito obrigada! Um texto em minha homenagem! Bacana. Realmente. Somos espelhos. Bonito seria se conseguíssemos admitir isso sem aquele nó que desce na garganta. Sem aquele ódio de ver no outro a fraqueza que temos em nós mesmos. Perdoe-me se a conversa não é sobre ou com você. Srta. Centro do Universo. Existem outras questões a serem tratadas. Muitas vezes o mundo não te dá respostas prontas. As pessoas não têm única e exclusivamente interesses obscuros. Às vezes estão simplesmente interessadas em conversa sinceras. Sim, já perdi meu tempo odiando meu mesmo, sem entender que se tratavam de versões de mim, porque no fundo eu só queria aniquilar partes de mim que não gostava. Ridicularizava o outro por ridicularizar a mim mesma. Tinha inveja de ver a felicidade alheia porque não era feliz. Não preciso dissimular por entender que somos iguais. Apenas temos pontos de vistas diferentes. Estamos em patamares distintos. Visões caleidoscópicas. Só o tempo traz a aceitação do diferente. É talvez o aprendizado mais longo e duro. Desculpe-me se não preciso mais teatralizar e posso ser sincera. Se você quer continuar no seu espetáculo para sua própria proteção, eu entendo, fiz isso grande parte da minha vida. A saída do casulo é a algo que apenas a maturidade traz. Não adianta tentar chutar a casca da rudeza, você acabará se machucando e gritando cada vez mais consigo mesma, correndo atrás do próprio rabo.
Tudo isso faz parte. Só estou olhando de longe. Já não entendi tudo isso. Já me machuquei muito. Já gritei muito na cara dos outros por não conseguir falar. E repeti over and over again tentando me justificar, sozinha ou pra alguém. Já tive todas as cores de cabelo, tipos e tamanhos. Já me vesti de todas as formas. Já tive todas as medidas e pesos. Já fui todas, muitas, várias. Sempre tentando me adaptar. Muitas vezes aos outros. Até entender que nunca vou me adaptar nem aos outros, nem a mim. Porque sou mutante. Estilhaçada. Não sou inteira e nunca vou ser. Não preciso brincar de perfeita pra ninguém... Não digiro o que não gosto. Alguns valem a pena. Outros eu tolero. O problema é que não agüentam a sinceridade. Ela dói, machuca. Preferem ao ódio, ao fingido. É com isso que todo mundo se acostumou. O verdadeiro fere aos olhos. Posso sempre incomodar. Cansei de odiar. Sou eu e ponto.