Antes de entrar, tome um anti-ácido

- Oi, eu, eu posso fazer uma pergunta?
- Claro! Mas porque a cara? Para que tanto drama?
- É que eu estou sofrendo!
- Todos nós estamos. Você apenas faz questão de demonstrar aquilo que nós mantemos em silêncio.

Sou oscilante, meu rosto demonstra exatamente o que sinto. É como criança: insatisfeita, choro; feliz, sorrio; em dúvida, hesito; com medo, recuo. Não espere de mim, nunca, aquilo que não sou. No muito das vezes, sôo indigesta, inclusive para mim. Dizem, e sei, é uma carapaça. Quem perpassa descobre um universo novo que habita em mim: o da meiguice, mas nele paira uma aura que me protege: é o mundo da fofura ácida.

- Eu descobri uma coisa, estive pensando muito esses dias, e quero ser artista!
- Você? Só se for cômica!
- É, acho que uma espécie de tragicômica, você não acha?

Sim, os fatos me afetam mais do que eu gostaria. Os dados coletados dentro de mim viram uma tragédia, se não saem, ficam revolvendo, revirando, torturando. Não quero pensar, quero ultrapassar as barreiras dos sentimentos. Vejo-me impotente, é como se tudo tivesse uma relação direta com a minha vida e eu não tivesse força suficiente... Acordo atropelada, muitas vezes agredida, procure no meu corpo e não encontrará sequer um arranhão. Eu sei, não foi na minha espinha. Mas ainda sinto em cada suspiro truncado.

- Você não acha, temos aí um perfeito roteiro para a peça tragicômica?
- É, a tragédia da vida alheia é sempre mais engraçada...

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