Eu me vejo por seus jovens olhos - A Carta, Parte II

Ela fez o máximo, que pôde. Ele aproximou-se, deu-lhe um abraço apertado e sussurou em seu ouvido: "Não deixe as lembranças estragarem os momentos reais da sua vida. Eles também passam. E assim como nós dois, não voltam mais."
Ela lembrou-se de Beckett: "Você está na Terra; não há cura para isso", buscando qualquer coisa que apaziguasse o tormento que a revolvia por dentro. Queria uma cura instantânea para o seu mal-estar. Não havia. Sabia o que ele estava pensando. Sabia o que a namoradinha nova dele estava pensando. Ela não era a tal palhaça a quem se referiam, mas deixava que pensassem assim. No fundo, era melhor que tivessem essa impressão.
"Foi quando você terminou comigo e eu o vi com ela que percebi: ela era tudo o que eu jamais poderia voltar a ser. Vocês eram tudo o que eu jamais poderia voltar a ser. Vocês dois faziam sentido. Nós, nunca fizemos. Não, eu não gosto de você. Estou terrivelmente assustada com a realidade de estar envelhecendo. Viver com você me traz a sensação de ter dezoito para sempre, me livra da angústia de virar alguém que não conheço. Ninguém volta a ter dezoito anos e você escolheu um jeito definitivo de me mostrar isso."

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