Entre ruas paulistanas: não esqueça: "Vá andando, o caminho é tão agradável!"

Nunca pergunte a um paulistano se um lugar é perto. Ele inevitavelmente responderá que sim: “É logo ali, apenas umas cinco quadras”, esquecendo o pequeno detalhe de avisar a você sobre o imenso tamanho das quadras. Justamente a esta pessoa recém chegada do interior, vinda de uma cidade onde o tamanho da quadra equivale a dar uma volta em si mesma. Ingenuamente você segue o seu destino. Num sol de rachar. “Por favor, a Rua B. é nessa direção?” “Ihhh! É minha filha, mas tá longe! Vai passar, ainda, a Rua V., a C., a Y., a W., e, só depois, chegar lá”. “Moça! Mas a minha amiga falou que era perto!”. Com os olhos insuficientes, faz força para decifrar as placas ao longe, pensando: “Só pode ser a próxima rua”. E, quando chega lá, não é. “Oi. Por favor, a Rua B. está muito longe?” Não! Uns cinco minutinhos caminhando”. Eu estava a pé, não tinha outro jeito. É mais uma! São mais várias umas... E caminha, caminha. Anda até chegar à avenida mais movimentada: “Só pode ser esta”. E é. Finalmente. Respiramos fundo o ar poluído. Eu e todas as vinte e oito pessoas para quem eu perguntei se ainda estava longe. Nesta desmedida cidade, a cada dia descubro que, por maior que ela seja, o gigante se apequena; de fora para dentro, de dentro para fora.

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