Do dia em que Sofia sofreu... e lhe fez uma canção. Parte I

Não levantava da cama sem antes passar dez minutos agarrada ao cobertor, sentindo pena de si mesma. Vivia a juntar cacos ao redor. Quando percebia, eram ela. “Que sonho? Que sonho? Que sonho estou buscando? Tive que largar tudo, para entender que estava tudo bem. Que diabos estou fazendo aqui? E eu que achei que sabia.... Só quero me sentir em paz... Está tudo fora de todos os compartimentos... TUDO! TUDO! As PESSOAS depois de um tempo viram pessoas. Difícil de engolir, impossível de enxergar. Não sei o que o amor faz com a gente.

Sozinha no apartamento, ela esperou dias. Torturando-se com o cheiro, ainda, deles. Não adiantava lavar, estava impregnado nela. Aguardava pelo cara que nunca chegaria. Tinha para ele todas as desculpas, apesar de ele nunca haver se importado em dar nenhuma.

“Um dia decidi escrever uma canção sobre rodinhos de pia porque achei que ninguém mais entenderia. São aquelas coisas... dos casais. Aquelas bobas, mas que você, ao olhar para o rodinho, entenderia. Eu, admirando o estúpido rodinho, entendo. Apenas nós dois entendemos. Para o resto do mundo, um rodinho, é apenas um rodinho. Ele tira a água da pia e nada mais. Não que isso importe, não mais. No futuro, o que foi tão estimado, não terá mais estima nenhuma, ao contrário do que você pensa.
E por falar em portas... Ontem percebi que você é um colecionador de portas e foi por isso que resolvi falar na linguagem de rodinho de pia: talvez você entenda aquilo que nunca entendeu e eu jamais lhe explicarei, porque não lhe devo e porque não faz mais sentido. Você é um colecionador de portas e quando teve a oportunidade de agir diferente fugiu, correu. Você nunca foi aquele que conheci na Casa da Surrealidade, nunca... Aquele fui eu quem inventou. Era o meu par, não era você, nunca foi você..."

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