De quando lhe roubaram os sentidos

Ela ficava ali: apenas sendo bonita. Viu, um a um, todos caírem. Agora era sua vez. Vertiginosamente, ela despencava.

Basta um cara aparecer para você questionar tudo o que você é. Ele fala, você não sabe mais nada. Suas certezas desaparecem.
Desmontaram-me tantas vezes em minúsculas peças de um quebra-cabeça que acabei sem encaixe. Tornei-me uma piada de mau gosto. Ou de um gosto amargo. Um levou meu braço, outro a minha perna. Levaram também, uma vez, os ouvidos. Deve ser por isso que, de vez em quando, falam, falam e eu não escuto. O menos esperto tentou carregar a cabeça. De tão pesada foi ao chão e saiu rolando. Nunca mais foi vista.

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