Das vergonhas que o amor nos traz, ou o monstro do amor vai virar desenho

As duas conversavam. Uma ouvia, a outra falava. Depois, a outra ouvia e a uma falava. Dos olhos da menina triste brotava uma imensidão de lágrimas gordas que rolavam rosto abaixo, seguiam o seu fluxo e iam desembocar lá na mesa, fazendo ploct. Dava de ouvir o barulho. Se não fosse a tristeza da cena, daria até para dizer que era bonito de se ver.

- Tenho vergonha de ter vivido isso. É como se, agora, eu quisesse apagar toda a história que vivemos. Esquecer que um dia ele fez parte da minha vida, que dediquei meu tempo a essa pessoa. Não gosto de sentir o que sinto. Não quero sofrer, mas não sei me sentir de outro jeito. É o que posso neste momento. Sabe, porque me vendo de fora, teria tido outra postura.

- Vendo de fora sempre teríamos.

- Não sei se a culpa é minha, dele... ou nossa. Essa dúvida fica me corroendo. Já refiz todos os caminhos, várias vezes, fico sempre pensando. Tento explicar, mas ele parece nunca entender.

- Quando não conseguimos explicar alguma coisa para alguém, talvez este alguém não esteja querendo entender. Ou não queremos bem explicar. Por mais óbvio que a tal coisa soe para nós. Cada um tem o seu tempo, lembra?

- É que eu acho que a culpa é minha.

- Não se culpe. São dois trabalhos: culpar e desculpar. Pode confiar no que estou dizendo e se liberte.

- Sim. Vou me libertar, porque tudo o que fiz foi por amor. Um amor tão grande que virou um monstro... e ficou correndo atrás de mim.

- Agora faça por amor-próprio.

- Na teoria tudo é tão fácil, é que na prática... dói demais...

Comentários

luiza pannunzio disse…
Até chorei de novo...
rs.
E o monstro já está lá!

um beijo
lp
luiza pannunzio disse…
ah... lá:
http://www.flickr.com/photos/luizapannunzio/

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