Entre máscaras, cancelo meu desejo legítimo, ou Deixe-me ver por seus olhos, os meus andam turvos demais

São tantas as histórias já repartidas que você chega a pensar que experimenta como eu, ou melhor, por mim. Vou confessar, ando sentindo tanto ultimamente que lhe delego tudo aquilo que desgosto em mim. Quero que seja seu, ou que, no mínimo, compartilhemos. Estamos juntos para partilhar bons e maus momentos. Segure-me porque ando sem força em minhas próprias pernas, quando olho para baixo não as vejo. Minhas muletas me carregaram por tanto tempo que afeiçoada a elas me tornei.
O desuso faz com que o uso torne-se inapropriado. Não consumo o que ignoro em mim, o que tenho, se tenho. Por favor, me diga. Tornei-me cega de mim mesma. O estático tornou-se estanque, soando artifício. Minhas atitudes não são minhas. Tenho pressa, veja-me logo. Em um instante, minuto que vem, corro o risco de tão outra já ser, que nenhuma das palavras que da minha boca agora saem faça algum sentido. Improviso todo esforço de fazer sentido algum. Gosto mesmo é do confuso.
Olhe bem esta imagem fixa, que dura o tempo inexato, porque é nesta imensa borda que você continuará me vendo. Não olhe muito fundo, perigo transbordar. Quero flutuar por esses cantos que bem conheço e bem me cabem. Não me digas o que não quero ouvir, segurei murmurando as canções suaves e doces que bem mandam o coração, desacreditando no toque real. Não troco. Sei apenas pedir, mesmo fingindo que vivo a doar. Sobrevivo de esmolas, ousando no encanto, mendigando no fundo, velando meu sonho profundo.

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