As tristes veredas

- E aquele emprego? Rolou?
- Não. Ainda não precisam de mim lá. Foda essa sensação de depender dos outros pra alguma coisa acontecer.
- Verdade, ninguém precisa da gente. Não esquenta, um dia todo mundo precisará!
- Dá um desânimo, às vezes.
- Aí não precisaremos de mais ninguém.
- ...
- Esse trabalho imaterial... Do intelecto.
- De grão em grão... De palavra em palavra...
- Junta tudo num texto de duzentas páginas pra ficar empoeirando na biblioteca.
- Nosso trabalho não se vende... Ninguém quer comprar.
- É, eu fico pensando nisso. Ele está fadado a pares.
- Enveredamos por tristes veredas.
- Mas pares não existem!
- Somos únicos!
- Que medo! Estamos isolados.
- Temos que buscar as pessoas certas, aí rola, mas não é fácil, não é mesmo. O lance é ir metendo a cara, até conquistarmos certo respeito. Eu ando tentando conquistar o próprio. Talvez seja o mais difícil.
- É! Li um cara que fala sobre isso!
- Viu? Todos já escreveram o que pensamos, não conseguimos nem ser originais...

Comentários

é Soda! disse…
meo deos!
ao menos a na Internet nossos devaneios são publicados em um click ;)
adorei..ahah
Dismael Sagás disse…
Acho que todo "cientista" social já pensou nisso...
Acho que são os tais ossos do ofício.

Seu blog está cada vez melhor! Daqui a pouco dá pra juntar as 200 páginas e guardar na biblioteca.

Beijão!
"crisveras" disse…
Também gostei...
Claro, tb faço mestrado!

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