Talvez por isso goste de usar roupas diferentes...

As sapatilhas brilhavam: prateadas, douradas, azuis e vermelhas. Eram lindas! Queria uma de cada cor. Refletiam aquele colorido que ela gostaria de estar mostrando. Em cada uma repousava um lacinho. Enquanto provava, uma por uma, não podia deixar de notar os curiosos olhares das pessoas na loja em sua direção. De primeiro, tentou não se importar, mesmo já tendo percebido, o sentimento lhe era familiar. Mãe e filha a observavam espantadas; cochichavam e, mesmo tentando disfarçar, não conseguiam esconder o seu espanto. As duas se foram. Ela sentia-se bem com suas sapatilhas. Conhece bem o olhar: de reprovação, espanto, curiosidade. Muitas vezes, nem elas mesmas sabem porque estão olhando, apenas olham. O que lhe serve bem é a inadequação. Acha que o dia em que couber bem nesse mundo, algo de muito estranho estará acontecendo nele, ou nela. Por hora, suas sapatilhas lhe caem muito bem.

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