Talvez por isso goste de escrever...

São saudades do que nunca foi por não poder ter sido. De sentir o asco sem ter entendido seu real significado. É que hoje tudo tem perfume de novo. O lado podre debandou-se para outras bandas, com outras bandas, formou novos bandos. Nem sei mais brincar de grupo. Hoje me somo em pares. São saudades de um momento em que tudo poderia ter sido diferente. O que tenho em frente minha nem sequer tenho certeza. Ando de disfarces. Disfarçada de mim mesma. Nem sequer tenho opinião, sempre achei que tivesse. O que possuía de mais meu não mais existe. Esvaiu-se por talvez nunca ter existido. O estável me faz ter saudades das listras que vejo em imagens repetidas. De momentos raros de incertezas que não voltam. Se hoje sei tudo... Me vem a dizer a sensação que não me deixa. Percorrendo inflamável. Disfarçada em lacinhos coloridos que enfeitam a cabeça. Brilhando nos pés e chamando a atenção. Inflamada está a razão. Engessados os pés. Enterrados no cimento. Cinza. Pálido. Como se vê no espelho. Seu reflexo raro. Não brilha. Não espera brilhar. Está preso na garganta que alarga. Torna-se um gargalo. Estreita. Asfixia. São saudades. Sensações. Irracionais. Sem explicação. Apenas cores...

Uma menina que se colore com seus vestidos. O vermelho, faz um tempo, não sai para passear, anda um tanto quanto sufocado. Despropositadamente, esqueceu-se de colocar na mala. Nem bem retorne à casa, ela o levará para passear, e ele, livre, voltará a respirar!