Gosto de nada

Perdi.
A vontade de ver-te, de falar sobre coisas relevantes, insignificantes, de contemplar ao redor, de sentir cheiros, de olhar para baixo e ver sempre o meu pé ou o chão, de fazer barquinho com a língua, de fazer bolhinhas de saliva, de olhar pro teto, de procurar estrelas, de ser perseguida por espelhos
Desisti.
De ser excepcional, magnânima, gigante. De crescer, mais alguns centímetros, de engordar, de emagrecer, de ser bailarina profissional, de cozinhar, se ser muito inteligente ou burra demais, de voar, de me jogar da janela, de ficar horas estática. De ser poliglota.
Larguei mão.
De odiar-te mais que tudo. De amar-te sem limites. De não ter hora pra voltar. De nunca sair. De querer sempre ficar. De ter todas as sensações, sempre, o tempo inteiro. De tentar entender.
Não quero saber.
Não quero sentir, apenas viver.

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